Arquivo do mês: dezembro 2014

FIM DAS ORGANIZADAS OU DA PM?

Loucos_pelo_Botafogo

Por Arrison Jardel Ferraz e Luiz Guilherme Ferreira

E mais um confronto aconteceu nas imediações da Vila Belmiro, desta vez entre santistas e botafoguenses. A diferença desta vez é que a intervenção da polícia militar acabou atingindo um jornalista do Lance, o que gerou um pouco mais de reverberação do caso do que de costume.

Lendo uma coluna publicada no jornal e o próprio relato do jornalista Bruno Cassucci de Almeida que sofreu as agressões (disponível no facebook dele), vemos que as críticas à PM existem, mas existem também repetições de mantras midiáticos contra as organizadas, tais como “facção” e “vândalos que se dizem torcedores”.

Ora, posicionar torcedores deste modo é autorizar ações truculentas contra eles. Se são vândalos, se pertencem a facções, logo são pessoas que agem contra a ordem social e, por isso, devem ser combatidos. Mas combatidos por quem?

Combatidos pela polícia que mata 06 pessoas por dia, por aquela mesma que matou 50 mil pessoas em um ano. Assim como em junho de 2013, a imprensa muda de lado quando um dos seus é atingido. Claro que o problema tem que ser exposto, só que sem seletividade.

Se há uma autorização, implícita ou explícita, com os termos usados pela mídia convencional, reclamam de quê quando estão na linha de frente e sofrem com a ação da PM? Provam o remédio que fomentam e não gostam do seu gosto?

Se o jornalista do Lance não tivesse sido atingido pela violência do Estado este episódio seria mais um de um bando de vândalos brigando entre si e sendo acertadamente reprimidos.

Assim como são os “confrontos” entre policiais e “bandidos”, nos quais estes últimos são eliminados muita vezes sob o manto dos autos de resistência.

Semana passada a zona norte e leste de São Paulo parou por conta de ônibus incendiados e boatos de toque de recolher. Qual foi a resposta a isso? Aqui e ali nas redes sociais veem-se relatos de muitos mortos em chacinas naquele velho esquema: encapuzados em uma moto passaram atirando. Quem publicou isso? Da mídia tradicional ninguém.

Enquanto não se tomar o devido cuidado na hora de colocar pessoas no papel de bandidos usando termos rasos, vagos e levianos, de tempos em tempos vamos ter esta comoção passageira por um ou outro que “não merece” sofrer nas mãos da PM.

Talvez quando os jornais e especialistas pararem de pedir o fim das organizadas e pedir o fim da PM a violência diminua. Até lá seguimos com a programação normal.

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