Por Filipe (Larson) Prado Almeida
Não gosto da seleção de Felipão. Não gosto do 3-5-2 ultrapassado e velho – qual outro clube além de Juventus e Inter de Milão jogam assim? Não gosto de apelar às faltas táticas durante todo o jogo, como uma verdadeira metodologia.
Felipão é mestre neste tipo de dinâmica de jogo. O time torna-se competitivo em pouco tempo. Monta-se uma defesa difícil de ser superada, sobretudo pela qualidade dos homens de primeira linha, tirando o lateral direito. Daniel Alves vai mal não é de hoje, mas tem um volante improvisado em sua reserva.
É um time próximo ao de Dunga em 2010. Briguento, pelejador, ao estilo Grêmio. Um time que se preocupa necessariamente em ganhar – note que a discussão não é sobre jogar bonito.
Acho um ultraje Luis Gustavo recuar entre os zagueiros e omitir-se da saída da bola. Assim como os laterais, ops… alas. Ambos disparam e, marcados pelos atacantes adversários (que show de marcação de Cavani, o melhor disparado em campo da semifinal, em cima de Marcelo), são facilmente anulados.
Resultado: a saída de bola fica com um dos zagueiros. Geralmente David Luiz, que se manda e consegue aproximar para tocar. Paulinho é outro que, por ordens do chefe, fica mais preso do que devia, principalmente com dois zagueiros marcando o ar na defesa – Forlán fecha a saída central que seria de Luis Gustavo e os outros dois sobram. Ou seja, o meio campo uruguaio fica com um jogador a mais, além da sobra de um zagueiro em cima de Fred. E a seleção sem saída de bola.
Aí gira a bola, Paulinho e Oscar se movimentam, a bola chega em Daniel e Alves e… bica pra área. Creio que Felipão treina apenas este tipo de jogada. Um estilo covarde, que prefere se livrar da bola para não sofrer contra-ataques. Aí a bucha cai em cima do único armador do time, que é obrigado a jogar pelos lados do campo. Como Oscar vai armar e cadenciar o time sozinho e sem movimentação pra isso? O agora camisa 11 não caiu de produção à toa – com Mano Menezes ele sobrava em campo. Aí o simplismo de culpá-lo é sempre mais cômodo.
Isto é Felipão. Retrógrado, conservador. Submete nossa paixão à necessidade da vitória a qualquer custo. Claro que este pensamento é de uma minoria, vá lá, romântica. Mas o meu futebol é maior que a Copa do Mundo. O meu futebol é condição de emancipação, não tem medo da imprensa. O meu futebol perde em pé, com honra, reconhece a superioridade do adversário (e não inimigo). O meu futebol é reflexo da moralidade e hombridade que quero na sociedade.
Como disse Eduardo Galeano, o mago uruguaio, sobre as manifestações brasileiras: “O povo brasileiro, o mais futebolístico de todos, se nega a seguir aceitando que o futebol se utilize como cartada para humilhar muitos e enriquecer poucos. O mais popular dos esportes quer servir ao povo que o pratica”.