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Sobre alexmirkhan

Jornalista vislumbrado pelas maravilhas do mundo, é fã de diferentes manifestações culturais. Páginas, filmes, sons, histórias e amigos o conduziram por uma longa viagem até a Itália. Agora, o plano é seguir os ventos num barco com destino a Croácia.

Ajude a bancar o jogo que te coloca no “esquema” da Copa do Mundo

copa1

Está rolando uma campanha de arrecadação online para um dos jogos mais geniais dos últimos tempos. A ideia do jogo de tabuleiro A Conta da Copa é Nossa (pode clicar sem medo) é te colocar no meio das negociatas que envolvem a elaboração de uma Copa do Mundo Fifa. Uma espécie de “Jogo da Vida” só que mais real e adequado ao momento do Brasil.

O vídeo abaixo explica um pouco sobre como funciona o esquema. Mas adiantamos que a Quequeré Jogos, coletivo especializado em criar jogos com temáticas políticas e culturais brasileiras, bolou um jeito de colocar os principais fomentadores da Copa 2014 no tabuleiro e nos baralhos, fichas e dados. O negócio é profissional!

Quer comprar uma licitação para a construção de um estádio? Ou prefere mandar um alô para o Ronaldo Fenômeno e alguns patrocinadores para pedir um apoio? Gente graúda como Eike Batista, Daniel Dantas e Galvão Bueno também estão na brincadeira.

Monte a sua Copa, entre nessa campanha!

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Paes paga central de transmissão para TVs, e Globo acha isso absolutamente normal

da série ‘imparcial é a vó’

A notícia é essa mesmo. Vai ter estúdio para as emissoras de TV estrangeiras credenciadas pela Fifa e para a Globo feito com dinheiro da prefeitura do Rio. Quem abriu o cofre público foi ele, Eduardo Paes, o homem que considera a Olimpíada de 2016 em sua cidade uma vergonha, mas que tem sido o mais generoso e bonachão dos prefeitos no pré-Copa.

Mayor Paes

Porque não basta bancar projetos de infraestrutura determinados por uma instituição estrangeira, é preciso também fazer mimos aos amigos dos amigos, no caso os amigos da Fifa. Está na cara, nem precisava dizer, mas a encomenda da “casa na praia” é dela.

Com base em todas as estripulias, expropriações e desmandos por parte das autoridades públicas nestes anos que vieram depois disso, principalmente na abordagem do jornalismo Globo durante todo o processo, eu coço a cabeça: estou começando a alucinar com teorias absurdas de conspiração ou isso é mais um exemplo escancarado de que a empresa de comunicação, ao contrário do que dizem seus Williams Bonner e Wack, é absolutamente tendenciosa para o lado do patrono carioca, ofensiva a seus adversários políticos locais, e – em escala nacional – contra todas as vozes que contestam os benefícios da Copa?

Imagino que, sei lá, a reação dos fuzileiros de comentários de internet seja responder no reflexo: “Bah, mas o estúdio será útil para a transmissão dos jogos!”. Não, meu caro e minha cara, a central de transmissão será montada na orla de Copacabana, a mais de 10 km do Maracanã. É óbvio que esta central de transmissões não será dedicada exclusivamente a assuntos ligados ao futebol. Dali da beira da praia, as emissoras de todo mundo poderão reproduzir livremente os estereótipos mais comuns do nosso Brazil. Haja bunda para tanta câmera!

Adidas Bundas

É claro que a Prefeitura do Rio de Janeiro não é a única melhor amiga da família Marinho e dos patrocinadores ligados à Fifa. O governo federal deu todas as provas de que faz de tudo para “salvar a relação”, inclusive submetendo a Constituição aos caprichos da tal Lei Geral da Copa. Mas o que fica mesmo marcado nesse gesto do Eduardo é que o amor está no ar entre o poder público majoritário e certas emissoras de TV. Enquanto convir, claro. Nem o Costa-Gravas devia imaginar um monstro tão assustador quando filmou O Quarto Poder.

Encerro porque a cabeça já está entrando em pane, prejudicada pelo avanço da minha enfermidade, a conspiraçãocopia comunistóide, que você também já deve ter ouvido com o nome de rebeldia aloprada juvenil, talvez nem sempre nessa ordem, quando assistiu Jornal Nacional. Ferrou, eu não vejo TV e agora já estou na fase das alucinações que esses chatos de esquerda chamam de outros exemplos… Usina de Belo Monte, agronegócio, Polícia Militar… pira, pira, pirô!

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Oscar, o bode expiatório de Felipão

Por Filipe (Larson) Prado Almeida

felipao

Não gosto da seleção de Felipão. Não gosto do 3-5-2 ultrapassado e velho – qual outro clube além de Juventus e Inter de Milão jogam assim? Não gosto de apelar às faltas táticas durante todo o jogo, como uma verdadeira metodologia.

Felipão é mestre neste tipo de dinâmica de jogo. O time torna-se competitivo em pouco tempo. Monta-se uma defesa difícil de ser superada, sobretudo pela qualidade dos homens de primeira linha, tirando o lateral direito. Daniel Alves vai mal não é de hoje, mas tem um volante improvisado em sua reserva.

É um time próximo ao de Dunga em 2010. Briguento, pelejador, ao estilo Grêmio. Um time que se preocupa necessariamente em ganhar – note que a discussão não é sobre jogar bonito.

Acho um ultraje Luis Gustavo recuar entre os zagueiros e omitir-se da saída da bola. Assim como os laterais, ops… alas. Ambos disparam e, marcados pelos atacantes adversários (que show de marcação de Cavani, o melhor disparado em campo da semifinal, em cima de Marcelo), são facilmente anulados.

Resultado: a saída de bola fica com um dos zagueiros. Geralmente David Luiz, que se manda e consegue aproximar para tocar. Paulinho é outro que, por ordens do chefe, fica mais preso do que devia, principalmente com dois zagueiros marcando o ar na defesa – Forlán fecha a saída central que seria de Luis Gustavo e os outros dois sobram. Ou seja, o meio campo uruguaio fica com um jogador a mais, além da sobra de um zagueiro em cima de Fred. E a seleção sem saída de bola.

Aí gira a bola, Paulinho e Oscar se movimentam, a bola chega em Daniel e Alves e… bica pra área. Creio que Felipão treina apenas este tipo de jogada. Um estilo covarde, que prefere se livrar da bola para não sofrer contra-ataques. Aí a bucha cai em cima do único armador do time, que é obrigado a jogar pelos lados do campo. Como Oscar vai armar e cadenciar o time sozinho e sem movimentação pra isso? O agora camisa 11 não caiu de produção à toa – com Mano Menezes ele sobrava em campo. Aí o simplismo de culpá-lo é sempre mais cômodo.

Isto é Felipão. Retrógrado, conservador. Submete nossa paixão à necessidade da vitória a qualquer custo. Claro que este pensamento é de uma minoria, vá lá, romântica. Mas o meu futebol é maior que a Copa do Mundo. O meu futebol é condição de emancipação, não tem medo da imprensa. O meu futebol perde em pé, com honra, reconhece a superioridade do adversário (e não inimigo). O meu futebol é reflexo da moralidade e hombridade que quero na sociedade.

Como disse Eduardo Galeano, o mago uruguaio, sobre as manifestações brasileiras: “O povo brasileiro, o mais futebolístico de todos, se nega a seguir aceitando que o futebol se utilize como cartada para humilhar muitos e enriquecer poucos. O mais popular dos esportes quer servir ao povo que o pratica”.

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Almofadinha

Além do fato de serem irmãs gêmeas, as meninas eram populares na escola porque tinham um pai famoso, idolatrado pelos adultos e admirado por boa parte dos coleguinhas. E a fama do papai não vinha de uma atividade qualquer, ele era goleiro de futebol e dos diferentes.

“Um jogador articulado, um líder dentro de campo, o chefe do sistema defensivo e um excelente cobrador de faltas” repetiam alguns. Tudo o que ele fazia era motivo de orgulho, já tinha ganhado troféus por um time grande e foi até para a Copa do Mundo na Alemanha, onde passeou bastante, ajudou no aquecimento e distribuição de coletes, além de claro, ter trazido várias lembrancinhas  legais.

O respeito que o papai tinha dentro do clube que escolheu para chamar de seu era mais do que uma conquista esportiva. Revistas de comportamento e um partido dirigido a consumidores-cidadãos e “pessoas de bem” viam nele um modelo a ser seguido. Era como um Luciano Huck de chuteiras e luvas.

Mas o maior orgulho para as meninas era saber que toda a torcida daquele clube venerava o herói em forma de pai e gritava seu nome na frente da TV e, vez ou outra, dentro do estádio. Era muito fácil e prazeroso acreditar que era verdade, papai era sim o melhor goleiro do Brasil, melhor que os outros goleiros que só eram titulares da seleção devido à inveja dos poderosos que não reconhecem a anunciada hegemonia nacional do seu time.

Mas até aí tudo bem. Tudo era um mar de rosas e um passeio no bosque para as meninas até que, aos poucos, o apoio que vinha da torcida começou a se transformar. No lugar da credibilidade, desconfiança, ao invés de gritos de apoio, silêncio e vaias. Aquelas piadas chatas sobre a mania de ajoelhar, ter medo da bola e até uma alusão à rede KFC que partiam dos rivais já não eram mais abafadas pela torcida como antes. Ao contrário, encontravam eco no estádio vazio em tempos de seca de decisões. Na escolinha mesmo, os comentários já começavam a incomodar.

Um dia, logo que o paizão voltou de uma viagem mal sucedida a Bolívia, as meninas pularam no seu colo para tentar animá-lo. Com o carisma que lhe é peculiar, ele não fez rodeios em falar sobre lição de casa, disciplina, controle de peso, essas coisas, e vetou o sorvete na sobremesa. Então uma delas perguntou com ar de curiosidade:

– Papi, você trabalhou tanto, ficou tanto tempo em concentrações, vestiários, festas secretas com os seus colegas de time… não está na hora de passar mais tempo com a gente e descansar?

– Mas meu tesouro, o time depende de mim, sou o líder, o cérebro, o único cara que pensa e que mais conquistou títulos, e ainda estou em forma. Vocês não acham?

– Sim papis! E temos muito orgulho, não é maninha? (diz arregalando os olhos para a irmã, que permanece calada).

– Então qual é o problema?

(Silêncio)

– Pensa rápido! (gritam as duas meninas atirando 5 almofadas em direção ao pai, que é pego de surpresa) – Tá vendo? Se fossem bolas de futebol você já estaria perdendo de 5 a 0! Se aposenta!

rogério ceni

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Quando a pressa encontra o jeitinho de levar vantagem Ou Quando o ídolo encontra o medo na vontade de comer

Por Alex Mirk

O oba-oba dos gargantas do mundo da bola deu algumas estremecidas durante essa semana. Pena que às vésperas da Copa do Mundo é inconveniente e até anti patriótico, como diria José Marin Marin, fazer críticas à gestão do futebol brasileiro. Que relação pode existir entre as ameaças de morte que o atacante Eto’o diz ter sofrido pela Confederação Camaronesa de Futebol e a nossa CBF? E quais lições podemos tirar da interdição do estádio do Engenhão, erguido às pressas para o Pan-Americano do Rio, para a Copa de 2014?

Pra começar, vamos ao desde-sempre capenga e impopular estádio do Engenhão, oficialmente chamado João “Trambiqueiro” Havelange, interditado pela Prefeitura do Rio de Janeiro por risco de desabamento da sua cobertura. Eduardo Paes, que toca o bonde sem freio carioca, comentou o fato em entrevista de 8 minutos à TV Globo. Até houve certa tentativa do programa em colocar o prefeito contra a parede, mas ele saboneteou com a mesma solução que livrou a cara de Serra, governador de São Paulo quando as obras da linha amarela abriram uma cratera em Pinheiros em 2007, engolindo dezenas de imóveis e matando 7 pessoas: a culpa é do consórcio!

Apesar de um culpado ter surgido, a exemplo de Serra, o próprio Eduardo Paes explicou que o buraco é mais embaixo. A não ser que um milagre aconteça, a lambança da cobertura do Engenhão pode até ser de quem construiu, mas a responsabilidade será toda da prefeitura do Rio. E por que isso? Simplesmente porque na época da construção do estádio, o consórcio formado pelas construtoras Odebrecht e OAS aproveitou o abandono da obra para assumir o projeto às pressas, com a condição de que os riscos seriam exclusivamente da prefeitura do Rio de Janeiro. E assim surgia mais uma farra das empreiteiras, que podem fazer o que quiserem sem risco de serem responsabilizadas e terem suas imagens arranhadas. Afinal, está tudo no nome de um consórcio formado por empresas cujos nomes a imprensa costuma esquecer.

No caso do buraco aberto nas obras do metrô, até agora ninguém foi responsabilizados entre as empreiteiras do consócio Via Amarela – Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Assim será com o Engenhão, e claro, quem pagará o pato será o contribuinte, que cairá novamente no conto do titio Eduardo e esquecerá logo o assunto. Seria loucura imaginar que novos consórcios, conduzidos pelas mesmas corporações de sempre, vão deitar e rolar nas construções apressadas para a Copa do Mundo do ano que vem? Ou seria demência duvidar disso?

Agora o leitor se pergunta “mas que cazzo o Samuel Eto’o, referência dentro da área das jogadas do Ronaldinho Gaúcho na época do Barça e um dos maiores goleadores africanos de todos os tempos, tem a ver com a CBF?”. A verdade é que, objetivamente, não tem nenhuma ligação. Porém, proponho uma reflexão sobre o que está acontecendo em outra facção criminosa, digo, confederação de futebol e que pode ter paralelos no coronelismo de chuteiras brasileiro.

Em fevereiro, Eto’o contou a uma publicação camaronesa que dirigentes da Confederação de Futebol do país (FCF) queriam assassiná-lo. O motivo seria a campanha feita pelo atacante contra os “corruptos e incompetentes” cartolas camaroneses, que para ele deveriam renunciar imediatamente. Talvez a maior personalidade viva do país, Eto’o disse que não tem coragem de colocar as camisas da seleção que a federação dá, pede diretamente da Puma, patrocinadora da equipe, e que não faz refeições junto com companheiros da seleção para evitar que coloquem veneno na comida.

Se à primeira vista a atitude do jogador parece exagerada e esnobe, imagine-se sendo alguém que nada contra a corrente em um país destacado entre os líderes mundiais em corrupção, politicamente instável, que tem o mesmo presidente desde 82 e cuja renda per capita diária é de pouco mais de 1 dólar. Mesmo que o diretor de comunicação da CFC tenha razão em afirmar que o Eto’o vale mais vivo do que morto para eles, é difícil acreditar que o jogador tenha interesse em desestabilizar o país, como ele justificou.

Fazendo um paralelo com o Brasil, fico imaginando como seria a reação da CBF se o Romário ainda jogasse na seleção e já estivesse colocando o dedo na ferida dos poderosos. Imagino a Globo ignorando o baixinho na saída do gramado ou o Felipão inventando motivo médico na frente das câmeras para cortá-lo. Seria tragicamente hilário. Sorte dos caciques brasileiros que o craque da vez só pensa em pentear o cabelo e dar rolé de iate.

Neymar_Bieber

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