Arquivo do dia: 21 de agosto de 2013

EMERSON SHEIK PARA PRESIDENTE DA RÚSSIA

Bandeira_Arco_Iris

O Sheik joga muita bola, aparece com diversas mulheres, tem raça, faz gols, morde zagueiros, comprou um macaco, adulterou sua idade, foi acusado de contrabando de carros e inocentado, tem vários títulos, aluga helicóptero para ir treinar, cantou música do Flamengo no ônibus do Fluminense, zoa palmeirense, são-paulino e quem mais aparecer, não gosta de ser substituído, quase quebrou a perna de muita de gente, é marrento, enfim, chega né?!

Se parássemos nestes termos teria muito marmanjo querendo ser esse tal de Sheik, mas com a última atitude dele outros tantos prefeririam se retrair dentro da gaveta de cueca dos armários, pois o cara publicou uma foto beijando um amigo. Uma parada à toa que parece ofender a muitos por aí.

Neste texto aqui o autor mandou uma ótima, imaginando ser o Forlán quem beijasse alguém ele diria: “no meu país liberaram a maconha e o aborto e vocês aqui ainda discutindo por causa de selinho?”. É bem esse o espírito que gera o preconceito de alguns, perplexidade e até deboche. Porém, esse deboche não dura além da primeira peneirada de pensamento.

Auschwitz foi o maior campo de concentração da Segunda Guerra Mundial, onde foram mortas aproximadamente um milhão e meio de pessoas. Refletindo sobre o tema, Theodor Adorno escreveu “Educação Após Auschwitz”, que trata do problema da permanente existência das condições que possibilitaram um acontecimento bizarro desses, ou seja, que tais condições, mesmo após o choque com o acontecido, ainda estariam presentes na sociedade.

A salvação disso, segundo ele, é mudar o método de ensino escolar na chamada primeira infância e o “esclarecimento geral, que produz um clima intelectual, cultural e social que não permite tal repetição; portanto, um clima em que os motivos que conduziram ao horror tornem-se de algum modo conscientes”.

A nossa sociedade é preconceituosa, com má formação escolar, cultural e social. Portanto, as bases para que eventos homofóbicos aconteçam não só existem como estão bastante solidificadas. Todos estes elementos num ambiente muito menor e predominantemente masculino, que é o da bola, potencializa a intolerância em vários sentidos. Por isso fica complicado discutir uma questão tão delicada como a homofobia no futebol, ela é muito arraigada.

Você não vai querer discutir homossexualidade com um cara que tá segurando um cartaz escrito “vai beijar a puta que pariu” ou vai? Apesar da mudança gradual se dar em atitudes pequenas de influência, não vai ser seu papo que vai mudar a cabeça de alguém que vive rodeado do mesmo preconceito que o atinge. O meio faz a pessoa, óbvio, então além do cidadão este meio tem que ser mudado da forma que o Adorno diz, proporcionando outro tipo de realidade, onde se aprenda a identificar de forma consciente o problema, como não gostar de gays, por exemplo, e não simplesmente odiá-los cegamente.

Nesta linha de raciocínio, o que o Emerson fez foi um divisor de águas. Atingiu inúmeras pessoas de uma só vez, classificando os que o criticaram de terem um “preconceito babaca”. Citei Auschwitz porque parece que os machões e os policiais da moral e bons costumes estavam diante de um genocídio e não de um selinho entre homens. Na realidade, eles estão sim diante de um genocídio, mas o que é demonstrado pelo impressionante número de um homossexual morto a cada 26 horas no Brasil. Com isso tais pessoas não se indignam, claro. Também não percebem que as condições para que isso aconteça é fruto deste preconceito babaca, ou seja, uma parcela grande de culpa deve ser assumida.

Homossexualidade é natural e o episódio entrou neste assunto mesmo que nenhum dos dois envolvidos seja gay! Isso é o ápice da falta de neurônios. É triste ver que em nome da macheza da idade média alguns torcedores queiram criminalizar determinadas atitudes. Logo os torcedores, que sabem muito bem o que é ser criminalizado por apenas ser o que são. Talvez eles devessem pedir uma aula pro Emerson. A Isinbayeva deveria pedir aula pra ele. Pô, ele deveria ser presidente da Rússia! Enquanto isso não acontece continue barbarizando por aqui. Tamo junto Sheik.

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